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Textos - Olimpíadas Língua Portuguesa

  • Professora: Roberta Kézia
  • 17 de ago. de 2016
  • 6 min de leitura

Saudades

Quando eu estava me mudando, dentro de um caminhão, observava o horizonte e via que o sol estava nascendo do mesmo jeito que dentro de mim nascia uma mistura de esperança e medo. Esperança de que minha nova vida fosse melhor, e medo de que...bem, eu nem sabia direito que medo era esse, mas o sentia.

Quando meu pai diminuiu a velocidade, preocupado, olhei pela janela e, naquele momento, senti meu coração bater mais rápido, pois havia uma placa dizendo “Bem-vindo a Santa Fé do Sul”, e eu tinha chegado ao meu destino.

Ao olhar as ruas desta cidade, pensei se aqui encontraria pessoas tão legais quanto à Dona Cida, nossa ex-vizinha, que fazia um cafezinho...hum...uma verdadeira delícia! E me lembrava do gosto das frutas frescas vendidas pelo Seu Bernardo, dono da quitanda que havia na esquina da minha casa; Até o Seu José, um senhor que ninguém sabia ao certo de onde viera ou se tinha família, era motivo de saudade...ele vivia no banco da pracinha, onde eu ia jogar bola quase todos os dias... Ah, aquela praça!...sentia saudade dela...

Mas voltei então à realidade com o meu irmão me chamando e pedindo que eu visse algo. Era um campinho repleto de crianças brincando de bola. Ficamos muito felizes em saber que naquela nova cidade existia algo de que tanto gostávamos. Finalmente, depois de organizarmos nossas coisas, pedimos aos nossos pais para irmos até lá, e então percebemos que poderíamos fazer muitas amizades ali também.

Sorrio com essa antiga lembrança de meus tempos de garoto e sinto lágrimas deslizando pelo meu rosto, enquanto admiro o que um dia foi um campinho que servia para o encontro da garotada, e que hoje é a Praça dos Pioneiros, localizada em frente à Santa Casa da cidade. Sinto saudade desse tempo, e, especialmente, do dia em que me mudei para esta linda Santa Fé do Sul: o caminhão carregado com as nossas coisas, e o coração carregado de saudade e insegurança, que foram, com o tempo, substituídas por muito orgulho e satisfação.


Autora: Tathiely Maschio de Freitas Baptista - 8º ano B - E. M. Rosimares C. Benitez

Lembrando do passado

Nasci em Santa Fé do Sul e fui criada em uma fazenda chamada Canguçu.

Minha vida na escola era boa demais. Eu tinha amigos legais e professores muito bons; A minha professora favorita era a Ana, sempre muito simpática e gentil, e suas aulas não eram cansativas, mas, sim, muito, muito divertidas. Quanto às matérias, eu gostava de quase todas, menos Matemática, que, pelo menos para mim, era bem difícil.

Passa anel e esconde-esconde eram brincadeiras as quais meus vizinhos e eu adorávamos. Quem não gostava muito de nossas diversões eram as borboletas, pois em nossas travessuras amarrávamos linha no corpinho delas para que pudéssemos controlá-las enquanto voassem! Coitadas!...

Em frente à Praça Matriz, sentávamos em banquinhos e escutávamos mamãe contar histórias que nos davam medo, às vezes, mas que também nos emocionavam, já que as mocinhas e os heróis sempre eram personagens principais. Era muito bom. Ah, além disso, de contar histórias, minha mãe também parecia uma masterchef de cozinha, porque sabia fazer de tudo: era bolinho de chuva, bolo de chocolate, bolo de cenoura entre muitas outras receitas que ela compartilhava também com a vizinhança.

O começo de julho era bem comemorado. Festas de São João, bailes caipiras carregados de sorvete, algodão doce, pipoca e muita, mas muita música dos sanfoneiros, e eu, claro, ia a todos com os meus irmãos. Êita, época boa!

Aos finais de semana, quando eu terminava de fazer os deveres de casa passados pelos professores, saía para o campo, esticava um pano na grama da fazenda e ficava admirando as estrelas a luz do luar, refletindo... Aquele era o único momento em que eu podia estar só, com os meus pensamentos...era muito bom...eu refletia sobre minha vida e concluía o quanto ela era boa...

Hoje, algum tempo passado, ainda tenho a mesma conclusão, porém com maior sabedoria e felicidade. Viver, realmente, vale a pena.


Autora: Michaela Flávia Fachini Bezerra - 8º ano A - E. M. Rosimares C. Benitez

Eu me lembro

O cérebro humano é capaz de captar e armazenar milhões de gestos, cheiros, imagens e muito mais. E, conforme o tempo passa, algumas lembranças são esquecidas, e outras, não; existem aquelas, lindas, que nunca desaparecem.

Foi inesquecível o dia em que ganhei o meu triciclo. Ele era verde, com assento laranja, calotinhas vermelhas e na ponta dos guidões havia fitas longas e verdes, e, por ordem da mamãe, eu andava com ele somente dentro de casa, sempre. Certa vez, bati no calcanhar do meu pai com as rodinhas. Nossa! Como ele ficou bravo!

Bem, junto a essa, também permanecem outras recordações. Quando volto à minha infância, por exemplo, lembro-me do gosto das goiabas que havia no quintal da minha casa. Morávamos em uma esquina, bem ao lado da linha de trem, que, infelizmente, foi palco de uma tragédia: em um fatídico dia, passava uma boiada entre estes dois lugares, e a minha irmã, com inocência e travessura, abanou uma toalha branca para assustar os animais. E então o que seria apenas uma diversão tornou-se tragédia, pois, naquela hora, justamente naquela hora, o trem estava passando e três bois assustados com o abano foram atropelados. A coitadinha ficou muito arrependida depois...

A escola que eu frequentava, “Prof.ª Marina de Oliveira”, existe até hoje. Todos os dias após terminarem as aulas, minhas irmãs e eu descíamos correndo na Avenida Navarro de Andrade – uma das principais da cidade – e minha mãe não entendia o porquê da canseira e perguntava: “menina, por que está suada assim?”, então, nos divertíamos ainda mais muito com tudo aquilo. A preocupação, o excesso de cuidado que ela tinha conosco era bem engraçado!

Agradeço todos os dias por manter todas essas lembranças. Tenho certeza de que elas permanecem até hoje, porque são importantes e fazem o meu presente mais feliz. Bela caixinha de lembranças é o cérebro, não?


Autor: Rômulo Solfa Santos - 8º ano A - E. M. Rosimares C. Benitez

Vida emocionante

A mais velha de quatro irmãs, filha de Ozório Garcia e Maria Garcia, sou eu.

Mamãe morreu quando eu era pequena e, pelo mesmo motivo, meu pai não pode manter todas as filhinhas juntas. Então, cada uma foi morar com uma família diferente. Apesar de ter sido difícil no começo, hoje entendo que foi uma decisão para o nosso bem, não reclamo.

De início, morei com uma tia uns três meses e, depois de algum tempo, comecei a trabalhar como empregada doméstica, passando a morar então na casa dos patrões. Eles me ajudaram muito, e só sai de lá, da casa deles, quando me casei.

Viemos morar em Santa Fé do Sul, uma cidade pequena e com poucos recursos; ainda não possuía asfalto e as casas eram poucas, porém, já contava com um a linha ferroviária. A pequena igreja que havia, também era o único local onde as famílias passeavam de vez em quando. Havia uma única escola, “Marina de Oliveira”, e um mercadinho do qual não me recorda o nome, mas que ficava bem no centro da cidade; e era somente ali, no centro da cidade, que se podia encontrar iluminação.

Um acontecimento que marcou muito a minha vida foi quando, não sei como, a minha casa pegou fogo. Quando eu vi, o fogo já queimava a parede de tábua e o guarda-roupa. Meu marido estava trabalhando, então tive que tirar meus filhos de dentro de casa sozinha. Quase morri tentando pegar os documentos que havia lá, mas, graças a Deus, tiraram-me a tempo, antes de a casa desabar.

Com certeza, não foi uma época fácil, mas em pouco tempo a casa foi reconstruída com a ajuda da vizinhança.

Um dia, ainda nessa época, não tínhamos nem se quer um pedaço de pão para comer e a única forma que encontrei de conseguir dinheiro, foi vender o meu cabelo. Vendi por uns 50 cruzeiros, que deu para fazer uma ótima compra, e todos comemos à vontade.

Mas nem só de dificuldades uma vida é feita. Junto a essas lembranças tristes, guardo também as que muito me alegram, como as brincadeiras com minhas irmãs e meu pai; as comidas que a vovó fazia e de como ela cantava bonito; O cheiro do café com pão feito no forno a lenha; a conversa com os vizinhos e as travessuras que eu fazia com as minhas irmãs. Em uma delas, vestimos umas roupas da vozinha e derrubamos comida nelas! Ela quase nos matou, mas tudo bem. Era muita travessura!...

Sempre tive ótimas pessoas ao meu lado; pessoas em que confiei e ainda confio de olhos fechados. E filhos maravilhosos, oito, cada um com o seu jeitinho de ser especial... Penso que a minha família é a melhor que uma mulher pode ter, e, tudo o que vivi ao lado dela, tornou a minha vida emocionante, fez com que os meus dias fossem aventuras...deliciosas aventuras...


Autora: Julia Beatriz Camargo - 8º ano A - E. M. Rosimares C. Benitez


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